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Capitulo 3


A existência do homem livre
        A filosofia de Sartre só se trata no caso humano, a existência precede a essência, pois o homem primeiro existe, depois define, enquanto todas as outras coisas são o que são, sem se definir, e por isso sem ter uma "essência" posterior à existência.
 O sentido humano da fórmula sartriana de que " a essência precede a existência" é este: dado o modo como somos, a experiência essencial de nós mesmos é uma experiência de não coincidência, ou seja, é a experiência de não termos essência. A liberdade como não coincidência é o que nos define essencialmente; por isso, dirá Sartre, com ares de paradoxo: " o homem está condenado a ser livre” (Carrasco, Alexandre de Oliveira Torres; A liberdade; São Paulo: WMF Martins Fontes, 2011. Pg.39.).

        É o homem o centro da filosofia sartriana, pois a existência precede a essência. Ele não é aquilo que se apresenta, mas ele é todo processo histórico de mudanças que veio a ser este homem de Hoje. O homem com o passar do tempo se transforma adquirindo novos valores e uma moral diferente. Contudo o homem não é apenas uma só definição, ele é conceito total que envolve sua existência. “O homem é aquilo que não é e não é o que é".  O homem é um vir a ser.
  "... O homem existe primeiro, para ser depois isto ou aquilo. Existir, para ele é agir de acordo com certos fins, os quais exteriorizam as suas possibilidades originárias. O ato de existir confunde-se com projeção dessas possibilidades. Daí dizer-se: a existência é projeto, o homem não está determinado, não possui uma natureza. Não é nunca tudo o que pode contém o germe da negação. Os dois aspectos integrantes do projeto, a liberdade e a temporalização, mostra isso com mais clareza. A liberdade, inerente a u ser que existe projetando os seus fins, é constitutiva da existência. Nós somos livres, a liberdade é o que somos. O homem está condenado a ser livre, porque existe na forma de projeto interiorizando os condicionamentos e as resistências do mundo exterior. A cada instante o homem supera o que foi e é aquilo que poderá ser. Agindo na direção de seus fins, ele visa sempre um mais-além. Agindo na direção de seus fins, ele visa sempre um mais-além.” (Ensaios Filosóficos, Nunes Benedito; organização e apresentação Vitor Sales Pinheiros. São Paulo: editora WMF Martins Fontes, 2010. Pg. 204. ).  
       É o homem o centro da filosofia sartriana, pois a existência precede a essência. O existencialismo afirmar é que o covarde se faz covarde que o herói se faz herói; existe sempre, para o covarde, uma possibilidade de não mais ser covarde, e, para o herói, de deixar de o ser. Para com isso ser livre para escolher liberdade A liberdade é existência, e nela, a existência precede a essência; a liberdade é surgimento imediatamente concreto e não se distingue de sua escolha, ou seja, da pessoa. Mas a estrutura considerada pode ser chamada como Sartre a nomeia na obra, O ser e o nada- Ensaio de Ontologia e fenomenologia de a verdade da liberdade, ou seja, é a significação humana a liberdade.
       A existência humana consistir em fazer ser como estrutura de realizar na vida um projeto existencial que conduz o ser superar a si mesmo e as diversidades que por ventura a aparecerem no caminho da liberdade construída pelo próprio punho com a intenção de ir além o que é.
        O projeto de ser de Sartre é existir no mundo, como sua fraqueza e coragem fazendo possível na moldura dessa existência.  Conceito de Sartre não existe uma natureza humana, o homem é responsável por si, pois a existência precede a essência. Isso ocorre unicamente, pelo homem ser a própria liberdade, somente se ele é livre, ao contrário dos outros seres que são predeterminados. Somente o homem existe, as outras coisas não, elas apenas são.
       Nas palavras do filosofo em O existencialismo é um humanismo: " Só existe realidade na ação"; e ela vai ainda mais longe, acrescentando: "O homem não é nada mais que seu projeto, ele não existe senão na medida em que se realiza e, portanto, não e outra coisa senão o conjunto de seus atos, nada mais além de sua vida".
        No existencialismo, “o homem nada mais é do que aquilo que ele faz de si mesmo. Conceituando o homem pela ação, pois a única coisa que permite ao homem viver é o ato. Ele será antes de qualquer coisa, o que ele tiver projetado ser. não o que vai querer ser. Mas a vontade de realizar o que possível as suas limitações. Todo homem é responsável por sua existência. No entanto quando afirmamos que o homem é responsável por si mesmo, não estamos por ser individualista. Porque quando o homem escolhe ser responsável pela sua existência ele escolhe ser responsável por todos os homens. Contudo a nossa escolha nuca será para o mal; o que escolhermos será sempre o bem, e nada pode ser bom para nó sem ser para todos.
    "... a existência, como projeto são dois lados de uma mesma realidade humana. A existência, como projeto, delineia a ação: a ação exterioriza as possibilidades intimas da existência. Essa projeção da existência constitui a liberdade humana. A liberdade, portanto, como o mais peculiar da existência, é inerente livre e individual." (Ensaios filosóficos; Nunes, Benedito; organizações e apresentação Victor Sales Pinheiros. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2010. pg. 208).

        O ateísmo existencialista de Sartre que ele representa   deixou declarou em uma conferência que ele proferiu em Paris, na segunda-feira no dia 29 de outubro de 1945: "Que mesmo Deus não exista, há ao menos um ser cuja existência precede a essência, um ser que existe antes de poder ser definido por algum conceito, que tal ser é o homem." Contudo significará então que o homem existe primeiro, se encontra, surge no mundo e, se define em seguida. Nesse mesmo sentido se o homem é no conceito existencialista, não é definível, é por causa de ele ser, inicialmente nada. O ser apenas será alguma coisa posteriormente, e será aquilo que ele se tornar.
       O homem se tornara aquilo que ele projetar para a sua existência breve, mas concreta no mundo, como sendo protagonista da sua própria história na humanidade. Este mesmo homem como já vimos existe antes tudo, ou seja, que o homem é, antes de tudo, aquilo que projetar vir a ser.
         O importante segundo Sartre: não é o que fazemos de nós, mas o que nós fazemos daquilo que fazem de nós. Somos seres condenados a liberdade pelo fato de não podermos escapar de estarmos sempre situados e com isso tomarmos decisões em nossa vida, pois nascemos para livres existirmos.
       Para o existencialismo sartriana, só o efeito da ação, livremente projeta do, pode legitimá-la. Isto é, a ação custosa é vista como justificável no instante do projeto ou da execução pela expectativa, contemporânea deste projeto ou desta execução, de um efeito benéfico futuro. Saliente-se que o fundamento existencialista da ação não está no futuro e sim na expectativa instantânea de um efeito futuro.                                                                                                                                     
       Porquanto Sartre constrói um existencialismo baseado a responsabilidade no homem decidir escolher ser, tendo sempre em vista a humanidade que o vê como exemplo de homem. No sentido que Homem é perpetuamente disposto a mudar sua escolha para o possível naquilo que ele pode realizar por eles mesmos no tempo e no espaço.
    "Retorno à existência, projeto existencial, é um ato de reflexão contínua que procura reconstituir ou totalizar, com o pensamento, os momentos da totalização em curso pela qual a existência humana, sempre em ato, se temporaliza." (Ensaios filosóficos; Nunes, Benedito; organizações e apresentação Victor Sales Pinheiros. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2010. Pg. 207).
        Como vemos no existencialismo do filosofo, o homem existe no mundo, surge no mundo, para depois se definir. E só depois que existiu o homem pode dizer o que é a humanidade podendo julga-se algumas coisas apenas a partir daquilo que já feito. Em suma: o homem é aquilo que faz. A existência tem prioridade sobre a essência humana, portanto o homem existe independente de qualquer definição pré-estabelecida sobre seu ser.
       Existir para Sartre em suas palavras “viver é isto: ficar se equilibrando, o tempo todo, entre escolhas e consequências." Pois sendo nós mesmos existentes no meio de outros existentes. Mas podendo-nos "realizar" nesta existência no meio de outros. Não podemos captar a nós mesmo como existentes, porém se nos escolhermos nós mesmos, não sendo nosso ser, mas a nossa maneira de ser. Nossa posição será no meio do mundo, sendo definida pela relação de utensilidade ou adversidade entre a realidade que nos rodeiam e nossa própria factidade, estando-nos sempre posicionado em uma situação existencial correlacionado com o transcender do dado rumo a um fim.
     “A filosofia da existência é compreensiva. Seu objeto (a realidade humana, o Dasein, a existência) não é suscetível de conhecimento positivo, uma vez que a existência, como se-no-mundo, não é um conceito que se determine por outros conceitos." (Ensaios filosóficos; Nunes, Benedito; organizações e apresentação Victor Sales Pinheiros. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2010. Pg. 200).
       A liberdade se manifesta existência com o para-si compreendida como autonomia de escolha, e Sartre submeti essa autonomia às ultimas implicações. Cada para-si é responsável em seu ser pela existência de uma espécie humana. A liberdade como sendo absoluta, tem um valor do qual nasce da subjetividade, ocorre que ela é o único fundamento de valor. Desse modo o valor encontra a sua origem no ato livre, essa ação é absolutamente indeterminada: escolher é inventar. Contudo o homem é apenas seu projeto, só existe na medida em que se realiza, ele é tão somente a unidade de seus atos.
       A liberdade absoluta é o existencialismo, tese fundamental que Sartre tanto defende em sua filosofia. Com uma essência construída pelo homem que existe no mundo e se defini com uma consciência plena e livre e absoluta que tem só como sua destruição a morte tirando isso ele nasce livre e assim sempre livre não podendo mais não ser. Porque a liberdade nasce com ele, o que sobra para esse homem é angustia de passar toda a vida, à tomar decisões a cada situação em torna um ser povir.
       O Homem além de ser lançado nesse mundo ele está sujeitado, a total desamparo, enquanto isso Sartre coloca toda responsabilidade na consciência do homem que tem com absoluto a sua liberdade.
        Em O Ser e o nada o homem vive como que constrangido a assumir-se como medida, e a decorrência absolutamente coerente consagra o absurdo, por isso que a realidade humana é finitude radical, uma particularidade eternamente devolvida a seu próprio nada. Analisando o fundamento, "o ser no sentido positivo, despojado de sua função fundaste, determina-te negativamente o fundado; e outro que não o ser, ou o nada, assume como que um papel positivo." (Bornheim, p.257) Sendo dessa assim Sartre interpretou essa ideia de forma positiva. Nascemos sem identidade, somos, portanto, livres para nos tornarmos o que ou quem quiser ser, salvo nossa total responsabilidade de nossos atos: “em primeiro lugar, o homem existe, surge, aparecer em cena e, só depois, se define. O homem é como a sua existência o concebe. É indefinível é porque no início ele não é nada. Só depois é que ele será alguma coisa, e ele mesmo terá feito aquilo que será.
     "Só existe liberdade em situação e situação em liberdade, pois a humanidade encontra resistências as quais não criou, mas que estas “só têm sentido na e pela livre escolha que a realidade humana é” (SARTRE, 2000, p.602). Desta forma, é a própria liberdade que encontra os obstáculos resistentes a si, e esta não poderia existir se não fosse restringida. A liberdade é escolha, e só é verdadeiramente livre porque constitui “a facticidade como sua própria restrição” (O ser e o nada, Ensaio de ontologia fenomenológica, Sartre Jean-Paul; tradução do Paulo Perdigão. 21 ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2012. Pg. 609).
       Quando o filosofo inverte essa ordem, colocando a existência como precedendo a essência, o que ele pretende, é estabelecer uma diferença nítida entre objetos naturais ou fabricados, cuja forma e finalidade se encontra especificamente determinadas por antecipação (como uma coisa, um fenômeno natural ou um utensílio), e o ser humano, cujo conhecimento dependeria da compreensão de um processo de existência que não pode ser antecipado por qualquer elemento determinante responsável por uma definição fixa e definitiva. Nesse sentido Sartre diz que o ser do homem consiste em existir, o que significa que a realidade humana se define no curso de sua existência, justamente porque não haveria qualquer essência na qual essa definição estaria antecipada de modo determinado.
       O homem livre faz seu próprio roteiro independente das circunstâncias ele dirigirá a sua vida com responsabilidade com a consciência positiva escrever seu script com segurança que a angústia que o acompanha é para lhe impulsionar se posicionar no mundo. Olhando o que a por vir para se inventar como um ser que se constrói a cada situação, tendo plena coerência em suas escolhas e engajamento. Se ele o escolhe um existir no mundo tem com o absurdo de saber que tudo pode mudar de direção, mas sempre terá um possível a conquistar.
       Existir exige esforço, coragem, desprendimento de si em seus projetos, pois tudo está lançado numa adversidade da qual o ser vai enfrentar para se fazer existir como condenado à liberdade absurda de se viver sabendo que ele é concebido do nada para viver a partir da negação em cada posicionamento com um ser desamparado de qualquer justificativa a prosseguir a não ele mesmo escolher. Não é difícil, portanto achar tantas crítica ao existencialismo de Sartre por ele colocar o ser ameace no Ser-aí sem um destino predeterminado onde tudo faz parte cena. Mas é justamente por esse olhar diferente para o existencialismo do homem que Sartre defende que o torna ousado perante os outros; por realizar no ser uma identidade autêntica e não alienante perante o mundo. Ele resgata o sujeito dele mesmo para tomar atitude em sua vida e se fazer acontecer na humanidade.

   
  



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comentário da citação de Perdigão

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