O
homem, que de início nada é, irá definir-se pela sucessão de seus atos, pela
série de opções que ele faz em face de cada situação concreta. Em nenhum
momento da vida de um homem se pode afirmar que ele é isso ou aquilo, de uma
vez para sempre. Como o homem inverta perpetuamente o seu ser, sem possuir
“caráter” congênito ou uma “essência” imutável, sua definição jamais se completa em
vida, e se conserva sempre em aberto até sua morte. (PERDIGÃO, 1995, p.91)
Segundo Paulo Perdigão, o homem no início é
nada. Justamente esse nada é o momento
em que o ser se depara com o mundo, e vem a interrogação com o que ele encontra
no mundo, questionando: qual a razão do mundo estar dessa forma, qual o sentido
de ele estar no mundo? Com a postura de observar o porquê de cada coisa, revendo
seus conceitos morais, ele se coloca no centro, para que o nada o tome por
inteiro, que significa questionar sobre tudo, fazendo dessa interrogativa,
também o princípio de tudo. Como isso iniciou, quando o homem, interroga a si
mesmo no mundo. O nada ao encontro do ser é um estado neutro entre passado e o
futuro e começo de um novo presente. O passado se faz necessário ao homem,
apenas para torna-lo em nada e iniciar o presente, porque o futuro ainda estar
por acontecer ele não é concreto, ao contrário do presente. O presente, a partir
do nada se baseia na reflexão interrogativa, de mudança para novos valores,
para assim tomar suas próprias decisões, concretamente no mundo. Isso não quer dizer que o ser esteja agora
completo, pelo contrário. O ser estará sempre nadificando seu passado, por
vários motivos, tal como o tempo. O tempo nunca para, sempre está em eterna
continuidade, por esse motivo o homem jamais estará completo. Ele se renovará a
cada momento, enquanto houver vida. O homem representado aqui por Perdigão é um
ser que não tem essência dada, o próprio homem a constrói ao longo do tempo,
com escolhas da qual serão o molde para forma sua personalidade.
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